Baldur’s Gate III é tudo isso? Opinião sincera

Depois de quase 300 horas de jogo, acredito poder falar com propriedade a respeito dessa obra prima, que não prometeu nada e superou as expectativas! E o melhor, não coloquei spoilers, não se preocupe!

Sim, estou falando do tão mencionado Baldur’s Gate III, que conseguiu conquistar até mesmo os que torciam o nariz para RPG de turno, passando horas neste universo! Como de costume, vou separar por tópicos, para ficar mais dinâmico.

Criação de personagem:

Apesar de ser interessante, é simples na questão aparência. Não é possível por exemplo mexer nos detalhes e dimensões, pois já tem corpo e rostos pré-estabelecidos. Nesta parte, esperava que fosse mais robusto, contudo atende bem a proposta a qual se define.

Sobre as raças e origem de vida, se escolhe um personagem personalizado, tem várias opções, dando uma maior importância e profundidade, o que é um prato cheio para quem gosta de criar sua própria história, com o que aconteceu antes de chegar ali.
Se escolhe a origem Dark Urge(Impulso Sombrio) , apesar de já ter um background, permite escolher a raça e classe, e o mistério que o permeia é muito instigante!

Jogabilidade e dificuldade:

Para quem nunca jogou RPG de turno, mesmo selecionando o modo mais fácil, pode ser um desafio considerável, principalmente até chegar no level 5 e 6.
Para os veteranos, e que conhecem a dinâmica dos jogos da Larian, tal como Divinity 1 e 2, não demora muito para pegar a manha, o que levam alguns a achar razoavelmente fácil.
Para mim, há um equilíbrio, pensando em ambos os públicos.

Classes:

Tem uma grande variedade delas, e o mais bacana, permite mesclar, sendo a sua criatividade o limite!
Quer fazer um halfing monge e ladino, ou um guerreiro druida? É possível! Adorei a versatilidade desta parte. E o melhor, se você se arrepender ou não curtir, é possível resetar e mudar para outra!

Personagens:

Em jogos de extrema qualidade, citando The Witcher como exemplo, os personagens nos cativam. Em Baldur’s não é diferente, e como é bem construído! São personalidades distintas, como água e vinho, mas que se complementam, e a forma como você os trata reflete em como eles vêem o seu personagem. A interação, tanto conosco, como entre eles, é algo muito vivo, nos fazendo até esquecer que é só um jogo.
Suas motivações e histórias próprias, valem a pena ir atrás, e tudo depende e muito de suas escolhas, refletindo em praticamente tudo ao seu redor.

Missões secundárias:

Vale a pena não deixar passar, até porque vão refletir lá na frente na maioria das vezes. São cativantes e bem escritas, não sendo repetitivas, nem enjoativas. Muitas vezes, podem até nos arrancar boas risadas ou emocionar, não deixe de fazer!
Também tem a parte dos romances, bem profundos e cativantes, para quem curte ter um par romântico em sua jornada.

Missões principais:

Fazia tempo que não saia um jogo com um enredo tão bem escrito como este, com direito até a plot twist. As cenas que acompanham cada acontecimento são um charme a mais, nos conectando e instigando a curiosidade do que estar por vir, além do medo do que nossas escolhas podem causar.
As escolhas são um segundo ponto extremamente bem feito e importante, pois não são genéricas. Posso dizer sem sombra de dúvida, que é o ponto mais forte do jogo!

Mundo, NPCs, comportamento da Inteligência artificial:

É um mundo orgânico, cheio de segredos, vivo mesmo. As vezes você acha que viu tudo em determinado lugar, e se surpreende, porque tem mais coisas! Outro fator importante, dando como exemplo, se vê uma casa pegando fogo, só ignora e vai para o acampamento repousar, quando volta no mesmo local, as pessoas já morreram, estando somente as cinzas. Isso dá um peso sem igual para o mundo e suas ações, e como elas influenciam o meio.
Os NPCs tem rotinas, não são apenas “bonecos estáticos”, sendo possível falar com a maioria deles. Um destaque muito bacana, caso tenha a magia ou use poção, é poder falar com os animais, e os mortos.
Os inimigos podem mudar seu tipo de ataque e defesa, se você repetir muitas vezes um determinado tipo de ataque, se escondem, dentre outras coisas, sendo satisfatório.

Trilha sonora:

Bonita e bem feita, auxiliando na imersão, é um ponto bem forte. Há uma ou outra que as vezes repetem a mesma melodia, o que na minha humilde opinião poderia ter colocado outras diferentes, mas num geral é bem trabalhada.
Destaco aqui a canção que tem em uma missão Secundária a respeito de “Rafael” e a “Esperança”. Já deixei a dica, se forem jogar, a façam, está entre as melhores do jogo!

Gráficos, renderização e afins

Se posso dizer um ponto que pecou um pouco, em especial no ato 3, é a parte de renderização, e queda de fps. Como a cidade é muito densa, orgânica e cheia de vida, como vi em poucos jogos, acredito que ficou bem pesado, e mesmo para os PCs mais robustos, vi relatos que estão com o mesmo problema (Jogo em um PS5) . A Larian já se pronunciou, dizendo estar ciente, e trabalhando em patchs que solucionem. O último que teve, inclusive, já melhorou este quesito.
Tirando isso, são gráficos bem bonitos, e mesmo os mais simples NPCs são bem expressivos em suas feições, sendo possível ver o primor da Larian em cada cantinho do jogo.

Conclusão:

Se Baldur’s Gate III é tudo isso? Com certeza, e não somente porque amo RPG, mas porque, quando algo é bem feito, deve ser exaltado!
Apesar dos problemas, a grandiosidade dos outros fatores superam e muito esta parte, merecendo sim o Goty do ano!
A Larian mostrou que, mesmo não sendo um grande estúdio, mas a caminho de ser, é possível entregar jogos bem feitos, em todas as esferas, inovadores e bem escritos, é só querer!

Autor: Erika Bolseiro
Edição:PSBRPLAY